03 jun 2014

Raul Velloso trata de infraestrutura em palestra

Economista participou de debate na sede da Fiesc na tarde desta terça-feira. Foto: Divulgação

Economista participou de debate na sede da Fiesc na tarde desta terça-feira. Foto: Divulgação

Jessica Melo

A Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc) sediou na tarde desta terça-feira, dia 3, um debate sobre infraestrutura no país. Raul Velloso, ex-secretário de Assuntos Econômicos do Ministério do Planejamento e Ph.D em economia pela Universidade de Yale, destacou em sua palestra que tradicionalmente o setor público cuidou da infraestrutura, mas apenas 1,1% dos gastos da União são gastos no setor.“Se depender do orçamento da União, a infraestutura brasileira está lascada”, acredita.

De acordo com Velloso, nos anos 70, o investimento era 1,8% do PIB. “Esse 1,1% a que me referi representa 0,2% do PIB”, compara.

A taxa de crescimento real da despesa da União em abril ficou em 6% e receita tributária ficou em 3,3%. “A economia não está mais crescendo a 4,5%. Se você achar uma taxa maior que 1% já é um milagre”, diz. De acordo com ele, o aumento dos gastos da “grande folha”, como chama, gastos da previdência e assistência social, tende a aumentar e vai sobrar menos ainda para investimentos no setor. Em 2012, 73,7% dos gastos da União foram com a grande folha. A saúde ficou com 8,2% e no segmento “outros”, estão apenas 18,1%, inseridos os 6% em investimento (1,1% em transportes).

De acordo com o economista, o modelo econômico com políticas que impulsionam o consumo atinge principalmente a indústria que não é tão competitiva. “O governo faz desonerações, mas fica furioso porque a indústria está com a produção estagnada”, comenta. Velloso acredita que o setor de serviços é o grande beneficiado do modelo de aumento de consumo e ainda cresce devido ao interesse do setor privado.

Para ele, o país hoje não tem problema de poupança, desde que venha de fora. “Ela entra desde que você aceite criar as condições para ela entrar. A abundância de capitais é tão grande que a impressão que tenho é que tem um tsunami em volta do Brasil pressionando para entrar”, diz Velloso.

Essa dificuldade do setor público de investir em infraestrutura traz uma outra política do governo que torna a situação mais contraditória ainda, explica Raul. “O governo quer que o governo faça a infraestrutura abaixo dos custos. É um modelo impossível, não fecha. O setor privado atua com base no lucro. O governo parece ignorar essa simples verdade”, acredita. Para ele, isso abre oportunidade para oportunismo. “A empresa aceita um preço abaixo do custo e depois pede aumentos”, exemplifica. Com isso, de acordo com ele, a infraestrutura não anda e acontecem quebras de contrato .

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Via: economiasc.com.br