
Nova alta da Selic visa conter o consumo e evitar repasses nos preços neste final de ano. Foto: Divulgação
Pela segunda vez seguida, o Banco Central (BC) reajustou os juros básicos da economia. O Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou nesta quarta-feira, dia 3, a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. O órgão aumentou o ritmo do aperto monetário. Na reunião anterior, no fim de outubro, a taxa tinha sido reajustada em 0,25 ponto.
A taxa está no maior nível desde meados de outubro de 2011, quando estava em 12% ao ano. Em agosto daquele ano, a taxa Selic passou a ser reduzida sucessivamente pelo Copom até atingir 7,25% ao ano em outubro de 2012 – o menor patamar da história. A Selic foi mantida nesse nível até abril de 2013, quando o Copom iniciou novo ciclo de alta nos juros básicos para conter a inflação.
A taxa Selic é o principal instrumento do BC para manter a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), dentro da meta estabelecida pela equipe econômica. De acordo com o CMN (Conselho Monetário Nacional ), o centro da meta de inflação corresponde a 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos percentuais, podendo variar entre 2,5% (piso da meta) e 6,5% (teto da meta).
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulado em 12 meses estava em 6,59% em outubro. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, o IPCA encerrará 2014 em 6,43%. A estimativa foi mantida pela segunda semana seguida.
Por outro lado, o aumento da taxa Selic prejudica o reaquecimento da economia, que ainda está sob efeito de estímulos do governo, como desonerações e crédito barato. De acordo com o boletim Focus, os analistas econômicos projetam crescimento neste ano de apenas 0,19% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país).
A taxa é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la, o BC contém o excesso de demanda, que se reflete no aumento de preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Ao reduzir os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas alivia o controle sobre a inflação.
Para o o coordenador da graduação de Ciências Contábeis da Faculdade Santa Marcelina (FASM), a elevação era uma atitude aguardada pelo mercado, “tendo em vista que a inflação continua sendo pressionada e existe a perspectiva de que ultrapasse os 6,5% ao ano. A medida tende a evitar essa situação, colocando um freio no consumo, especialmente em época de Natal, e para minimizando os possíveis repasses de preços”, avalia.
“Em contrapartida, juros mais altos mantém a economia em crescimento estagnado, que poderá gerar aumento de desemprego e prejudicar ainda mais a política econômica que, nesse momento, precisa reverter o quadro rapidamente. Um ponto fundamental para o governo é estimular a indústria, um grande empregador, a retomar os investimentos, para que possa produzir produtos mais competitivos.”
“A desvalorização do real, o resultado negativo da balança comercial e a falta de transparência da presidência diante do superávit primário provoca a desconfiança no cenário internacional, prejudando o grau de investimento e tornando os empréstimos externos mais caros. Esses fatores são críticos e a nova equipe econômica precisará de jogo de cintura e liberdade para colocar as novas propostas em prática sem perder a perspectiva de manutenção da melhoria de qualidade de vida”, conclui.
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Via: economiasc.com.br