
De acordo com o IBGE, o volume de vendas do varejo restrito caiu 1,1% em julho comparado a junho, pior resultado desde outubro de 2008. Foto: Alana Pastorini
Jéssica Sant’Ana
O 13º salário, as bonificações e as comemorações do Dia das Crianças e do Natal devem movimentar o fim de ano do comércio catarinense, mas não o suficiente para uma recuperação significativa do setor, alertam os especialistas consultados pelo Portal EconomiaSC no Estado. Para o assessor econômico da Fecomércio SC, Maurício Mulinari, as vendas a prazo devem continuar travadas. “O consumidor está mais endividado e mais cauteloso para as compras de fim de ano. Claro que as vendas serão impulsionadas pela data, mas as famílias vão dar preferência para pagar as dívidas”.
A presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Florianópolis, Sara Camargo, afirma que é necessário aguardar as eleições para ver como vai ficar o aumento de preços, que estão sendo repassados agora no período eleitoral. “O cliente está mais cuidadoso e, nas datas anteriores, como Dia das Mães e Dia dos Pais, não houve o incremento esperado de vendas. A economia está mais lenta e o lojista está sentindo isso. Para o Dia das Crianças, estamos prevendo que não vai haver um grande crescimento. Por conta das eleições, esse ritmo deve seguir nas demais datas”, analisa.
Inflação elevada e altas taxas de juro contribuíram para a diminuição da confiança do consumidor. Foto: Alana Pastorini
As expectativas cautelosas são motivadas pelos recentes resultados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) na Pesquisa Mensal do Comércio (PMC). De acordo com a pesquisa, o volume de vendas do varejo restrito caiu 1,1% em julho comparado a junho, pior resultado desde outubro de 2008, quando a variação também foi negativa. A receita nominal também diminuiu e registrou queda de 0,7%. Só o varejo ampliado – aquele que inclui os setores de materiais de construção e automóveis – é que teve alta de 0,8% em julho.
A inflação elevada que corroeu a renda das famílias e as altas taxas de juros que encareceram o empréstimo são alguns dos fatores que contribuíram para a diminuição da confiança do consumidor, diz Maurício Mulinari. A presidente da CDL de Florianópolis lembra que nos anos anteriores houve uma grande liberação de crédito, o que resultou em aumento das vendas. “Como consequência, as famílias se endividaram e as pessoas aprenderam a usar o dinheiro de forma mais racional. Neste ano, há menos expansão de renda, com mais avaliação do que comprar e de como gastar. Essa é a tendência para o fim de ano”, diz Sara.
Estratégias do varejo
Primavera da Vidal Ramos, Vidal Fashion Day, Outubro Rosa e Natal na Vidal são alguns dos eventos marcados para a rua no Centro de Florianópolis. Foto: Will Koetzler/Divulgação
Para tentar driblar o cenário de queda nas vendas, os comerciantes de Florianópolis estão investindo em ações para atrair os consumidores. Na Vidal Ramos Open Shopping – rua no Centro da cidade que reúne vários comerciantes e prestadores de serviço – ocorre deste mês até dezembro uma série de eventos comerciais que buscam melhorar a imagem do espaço, conseguir novos clientes e manter os que já frequentam as lojas da região.
O investimento foi de R$150 mil, valor patrocinado pelos lojistas do Núcleo Territorial da Rua Vidal Ramos da Associação Comercial e Industrial de Florianópolis (ACIF) em parceria com o SEBRAE/SC. Entre as ações estão a Primavera da Vidal Ramos, o Vidal Fashion Day, o Outubro Rosa e o Natal na Vidal.
A coordenadora da Câmara de Lojistas da Rua Vidal Ramos, Rose Macedo Coelho, afirma que as estratégias de fim de ano são realizadas sempre, mas, em 2014, com os patrocínios, o resultado esperado é resgatar o cliente que deixou de comprar no primeiro semestre.
Já a Lojas Koerich aposta no mercado virtual para aquecer as vendas. A empresa acaba de lançar seu novo portal de e-commerce, com entregas em todo o Estado. Além disso, a plataforma suporta transações realizadas via m-commerce, ou seja, através de dispositivos móveis. A expectativa é de um incremento de no mínimo 10% para as vendas on-line.
O presidente da Lojas Koerich afirma que a empresa não está sentindo uma grande estagnação da economia, mas confirma a necessidade de uma readequação de perfis e necessidades do setor. “O ano de 2014 não está sendo fácil para o varejo, exigindo muita atenção e readequação constante das ações”, afirma o presidente da rede de varejo. Koerich aposta que a tendência de consumo para o Natal vai ser a linha de eletrônicos, com foco nos smartphones e nos aparelhos de ar condicionado.
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Via: economiasc.com.br