
Estudo do SPC mostra que consumidor geralmente financia mercadorias supérfluas. Foto: Divulgação
A principal utilidade do crédito oferecido ao consumidor brasileiro é a satisfação de desejos de consumo de curto prazo como roupas e sapatos, eletrônicos e eletrodomésticos. Isso é o que demonstra um relatório produzido pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pelo portal de educação financeira Meu Bolso Feliz.
Os estudos realizados pelo SPC Brasil mostram que o consumidor tem usado empréstimos para comprar mercadorias que não podem ser consideradas itens de necessidade. Além disso, em muitos casos, a compra financiada se concentra em itens de valor mais baixo, que poderiam ser pagos a vista.
“O perfil de consumo do brasileiro tem como característica a compra imediatista, ou seja, aquela que tem a necessidade do prazer imediato, em que todas as consequências de longo prazo ― como, por exemplo, o endividamento ― não são consideradas em muitos casos”, explica a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti.
E de fato uma pesquisa, também do SPC Brasil, sobre o comportamento dos adimplentes e inadimplentes mostrou que 17% dos consumidores em idade adulta ― o que representa cerca de 23 milhões de pessoas ― se encaixam no perfil imediatista, ou seja, de consumidores inclinados a viver o presente, sem se preocupar com o futuro financeiro e sem o hábito de planejar ou poupar.
Já quando os consumidores são confrontados com a possibilidade de não poderem parcelar as compras, 24% da amostra acredita que o crédito é essencial e que, portanto, não fecharia as contas do mês ou não conseguiria mais comprar pelo fato de não poder parcelar.
Crédito fácil e caro
O estudo sobre o uso do crédito no Brasil mostra que o cartão de crédito é a modalidade mais usada pelos consumidores (em 83% dos casos), seguido pelo empréstimo (53%) e pelo crediário (50%). Além disso, um em cada dez brasileiros declara ter mais de quatro cartões de crédito. Outros estudos apontam que a forma de pagamento mais utilizada pelos entrevistados depende basicamente do valor do bem a ser comprado: produtos de menor valor são pagos em dinheiro e os de maior valor, no cartão de crédito.
Além disso, os estudos apontam que o brasileiro tem a visão do crédito e financiamento como uma forma de deixar a sua renda mensal mais elástica e não apenas como uma forma de acessar produtos mais caros, cujo pagamento à vista é mais difícil.
Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, existem dois grandes problemas quando se trata deste tipo de crédito mais acessível. Em primeiro lugar, este tipo de instrumento financeiro em geral, é mais caro que os demais, segundo a economista. Depois, este tipo de crédito leva à falsa impressão de facilidade de pagamento e muitas vezes incentiva o consumo desnecessário e acima dos limites do orçamento, alerta Kawauti.
O estudo do SPC Brasil relata que 19% dos entrevistados admitem ter o hábito de comprar produtos desnecessários, porque o parcelamento está disponível, percentual que aumenta entre os mais jovens. Quando perguntados em relação ao parcelamento, 20% dos consumidores adimplentes admitem que preferem parcelar as compras mesmo quando o valor não é muito alto para poder comprar mais. Entre os inadimplentes pesquisados, este percentual cresce para 30%. Sem mencionar que 21% não sabem sequer a quantidade de prestações que ainda estão pendentes de pagamento.
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Via: economiasc.com.br